Cidades banhadas por rios produzem belas paisagens e provocam exclamações e suspiros diante de cenas prosaicas, mas comoventes, como a do casal que passeia de mãos dadas enquanto observa o pôr do sol no horizonte. Além de inspirar afeição, elas estimulam a sensibilidade do olhar e capturaram o melhor dos sentimentos. São, por assim dizer, a celebração de um momento de felicidade.
Em Porto Alegre, essas cenas se repetem diariamente na beira do seu rio, sobretudo, agora que um trecho da orla está sendo revitalizado. O belo espaço de convivência ganhou equipamentos e um novo nome: Parque Urbano da Orla do Guaíba.
Imagine caminhar em passarelas metálicas que avançam sobre as águas do Guaíba e assistir ao pôr do sol sentado em bancos sobre decks de madeira. E, depois de visitar o ancoradouro atrás da Usina do Gasômetro, jantar em um restaurante circular que parece brotar do rio. Detalhe: uma rampa de acesso leva o cliente ao espaço gastronômico totalmente envidraçado.Construído ao lado da avenida Edvaldo Pereira Paiva (a Beira-Rio), o parque tem a marca e o talento do arquiteto e urbanista Jaime Lerner. Referência mundial em planejamento urbano, o ex-prefeito de Curitiba e ex-governador do Paraná criou uma obra esteticamente ousada integrada à natureza.
A primeira etapa entre a Usina e a Rótula das Cuias transformará radicalmente o entorno do centro cultural. Quem frequentava aquele espaço antes de as obras iniciarem, principalmente em feriados e finais de semana, para praticar esportes, participar de eventos culturais ou apenas reunir amigos e relaxar, desfrutará de uma estrutura com forte apelo visual que o fará voltar repetidas vezes. A visão humanista de Jaime Lerner está em perfeita sintonia com as atividades que visam ao bem-estar dos frequentadores. Segundo o arquiteto da Secretaria Municipal de Obras e Viação, Oscar Eduardo Coelho, o projeto prioriza a contemplação do rio, com equipamentos públicos voltados aos pedestres. Terá bares, quadras de vôlei e futebol, equipamentos de ginástica, vestiários, bicicletários, playground e prédios com mirante na parte superior, ao nível da avenida Beira-Rio. Um dos pontos que se transformará em novo point, especialmente, para casais que curtem um jantar romântico, será o restaurante em formato circular que se parece com um relógio e está apoiado em colunas assentadas no fundo do Guaíba.
Outra novidade renderá muitos cliques para postagem em redes sociais. A área dos decks com bancos de madeira e as plataformas metálicas atrairão multidões com celulares para fazer selfies, tendo o pôr do sol como imagem de fundo.
Além do ancoradouro atrás da usina, a estrutura no leito da avenida, também, deverá chamar atenção dos visitantes. A instalação de 47 postes com lâmpadas de LED, inclinados em direção ao Guaíba, valorizará detalhes que passariam despercebidos se a iluminação tivesse outro formato e posição.
O Parque Urbano será incorporado naturalmente à seleta lista de visitas obrigatórias, na qual já constam a estátua do Laçador, o Mercado Público e a Casa de Cultura Mario Quintana, para citar, apenas, três exemplos.
Se as próximas fases repetirem o apuro estético da primeira etapa, todos terão novos motivos para se espraiar pela cidade que abriga monumentos arquitetônicos como o Viaduto Otávio Rocha, na avenida Borges de Medeiros, e o Museu Iberê Camargo, na avenida Padre Cacique.
O projeto da orla prevê a revitalização de 5,9 quilômetros entre a Usina do Gasômetro e o Arroio Cavalhada, próximo ao Iate Clube Guaíba, na Zona Sul.
